quarta-feira, 27 de junho de 2012

Estrutura e processos de descontaminação do solo

Ao longo dessas últimas semanas, foram postadas várias matérias sobre os agentes poluidores do solo relacionados aos diversos processos ferroviários. No entanto, não abordamos com ênfase terminologias e conceitos básicos, como “O que é o solo?”, “Qual sua importância no âmbito ambiental e biológico?”, “Como um determinado elemento químico é capaz de contaminar o solo?”, “E quais são as técnicas utilizadas atualmente para descontaminação do solo?”. A partir desta última publicação, visamos esclarecer todos esses questionamentos que envolvem esse elemento tão essencial para a manutenção da vida.  

“O solo é o principal suporte para a vida e bem-estar, constituindo-se em um recurso natural vital e limitado, embora facilmente destrutível”.
(Gunther, 2004)


ü  Definição de solo


Solo é um corpo de material inconsolidado, que recobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a atmosfera. São constituídos de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar). É produto do intemperismo sobre um material de origem, cuja transformação se desenvolve em um determinado relevo, clima, bioma e ao longo de um tempo.

Figura 1 – Solo natural
Imagem retirada do site: 

ü  Importância do solo

O solo desempenha funções essenciais para a manutenção da vida e para a continuidade do ciclo ambientais. Podemos destacar as seguintes funções:
–Elemento de fixação e nutrição da vida vegetal;
–Substrato essencial para produção de alimentos e matérias-primas;
–Fundação e suporte para edificações, estradas e outras obras de engenharia;
–Recurso mineral, utilizado no setor da construção civil e na manufatura de diversos produtos;
–Receptor de resíduos;

ü Formação dos solos

A formação dos solos é um processo muito lento, tem uma longa duração e segue sempre as mesmas etapas.

Na primeira etapa a “rocha mãe (Rocha primária)” surge na superfície terrestre, por meio de processos físico-químicos.

Na segunda etapa, os fatores externos como o vento, a água, a temperatura, e os seres vivos desgastam a rocha primária, e provocam a sua fragmentação e alteração química.

Na terceira etapa, os seres vivos que colonizam a rocha morrem, os fragmentos da rocha que se originam, acumulam-se formando um solo pouco espesso, denominado de solo primitivo.

Na quarta etapa, surgem pequenas plantas com raiz e pequenos animais, como os insetos. Estes seres vivos, por um lado facilitam a fragmentação da rocha e, por outro, quando morrem, pela acumulação e pela decomposição dos seus restos, tornam o solo mais complexo.

Na quinta etapa, ocorre o surgimento de plantas e animais de maior porte. Os restos deste organismo e os materiais resultantes da sua decomposição vão enriquecendo o solo, que acaba por ficar constituído por diferentes camadas. Este solo é denominado de solo maduro.

ü  Horizontes de um solo


O solo é um corpo natural organizado, cujo estudo é feito através de descrição e análise dos horizontes (camadas) que o constituem.
      
ü  Constituição do solo

Um solo é sempre constituído por matéria mineral (areia, calcário, argila), matéria orgânica (húmus, restos de plantas e animais), ar e água. A proporção de cada um dos componentes pode variar de um solo para outro, por exemplo, o solo de um manguezal possui maior concentração de água se comparado com o solo da mata atlântica. Em um mesmo solo, as proporções de água e ar variam em função de maior ou menor precipitação pluviométrica.


ü  ü Poluição do solo

A poluição do solo e do subsolo consiste na deposição, disposição, descarga, infiltração, acumulação, injeção ou aterramento no solo ou no subsolo de substâncias ou produtos poluentes, em estado sólido, líquido e gasoso.

Fontes de poluição

  • o   Natural

Não associada à atividade humana, pode dar-se por meio de:
– erosão;
– desastres naturais (inundações, terremotos, maremotos, vendavais, etc.);
–atividades vulcânicas;
–áreas com elementos inorgânicos (principalmente metais) ou com irradiação natural;

  • o   Artificial

De origem antrópica (ação humana), pode ocorrer por:
–urbanização e ocupação do solo;
–atividades agropastoris, ligadas à agricultura e pecuária;
–atividades extrativas: mineração;
–armazenamento de produtos e resíduos, principalmente perigosos;
–lançamento de águas residuárias (esgotos sanitários e efluentes industriais);
–disposição de resíduos sólidos de diversas origens, com destaque para os industriais em termos de significância de poluição.


Figura 2 - Tabela que apresenta os principais poluentes do solo, e sua respectiva origem e efeitos para o meio ambiente e seres vivos em geral.


ü Novas tecnologias voltadas para a descontaminação do solo


Atualmente, estão sendo desenvolvidas inovações tecnológicas que visam realizar a descontaminação de solos. Esses processos consistem desde utilização de micro-organismos e plantas específicas, até técnicas que envolvem processos térmicos e físico-químicos. No âmbito científico, um artigo publicado por pesquisadores da UNICAMP, no ano de 2010, na qual é abordada à utilização de plantas nativas como forma de recuperação de solos contaminados principalmente por metais pesados e outro artigo que fala sobre a técnica de biorremediação, publicado na revista “Biotecnologia ciência e desenvolvimento nº34” em janeiro/junho de 2005 foram publicações que ganharam grande relevância na mídia, devido a sua ampla possibilidade de aplicação. A seguir, é apresentado um pequeno resumo que destaca as principais etapas desses processos.

“Biólogos utilizam plantas nativas para recuperação de solo degradado”

“Duas pesquisas de mestrado desenvolvidas no Departamento de Biologia Vegetal do Instituto de Biologia da Unicamp (IB) comprovaram a potencialidade de espécies nativas para fitorremediação de solos de áreas degradadas ou contaminadas com metais. Os estudos estão voltados para a recuperação dessas áreas, utilizando plantas nativas em substituição a atividades demoradas e dispendiosas. Sarah Caroline Ribeiro de Souza analisou a tolerância de três espécies arbóreas – eritrina, guapuruvu e sansão do campo (usada em cercas-vivas) – a altos níveis dos metais pesados chumbo e zinco. Lucas Anjos de Souza optou pela análise da contribuição de fungos micorrízicos arbusculares para o desenvolvimento e a potencialização fitorremediadora de espécies leguminosas herbáceas. Os micorrízicos são fungos que se associam às raízes favorecendo o crescimento. De acordo com Souza, o processo de descontaminação utilizado atualmente, além de dispendioso, é ineficiente, por não garantir a remoção de todo o metal contaminante. As tecnologias ex-situ removem a parte superior do solo, o que prejudica a fertilidade e a estrutura física do local.”


Figura 3 - As plantas arbóreas foram submetidas a doses crescentes de chumbo e zinco: testando a tolerância.

Para mais informações, acessem: 

“Biorremediação – Aspectos biológicos e técnicos da biorremediação de xenobióticos”

“Biorremediação é um processo no qual organismos vivos, normalmente plantas ou micro-organismos, são utilizados tecnologicamente para remover ou reduzir (remediar) poluentes no ambiente. Este processo biotecnológico de remediação tem sido intensamente pesquisado e recomendado pela comunidade  cientifica atual como uma alternativa viável para o tratamento de ambientes contaminados, tais como águas superficiais, subterrâneas e solos, alem de resíduos e efluentes industriais em aterro ou áreas de contenção. Embora outras tecnologias que usam processo físicos e/ou químicos sejam também indicadas para descontaminar ambientes poluídos, o processo biológico de biorremediação é uma alternativa  ecologicamente mais adequada eficaz para o tratamento de ambientes contaminados com moléculas orgânicas de difícil degradação e metais tóxicos.”

Para mais informações, acessem:




segunda-feira, 25 de junho de 2012

Talude na ferrovia

Talude


Podemos definir talude como uma superfície de solo exposta que forma um ângulo com a superfície horizontal. Podem ser classificados como artificial ou natural. Os taludes naturais são comumente conhecidos como encostas e sua denominação feita através de estudos geotécnicos. Formados há muitos milhões de anos e encontrados principalmente nas encostas de montanhas.
Já os taludes artificiais são os declives de aterros diversos construídos pelo homem, onde as ações humanas alteram as paisagens primeiras, atuando sobre os fatores ambientais, modificando a vegetação, alterando topografias, podendo inclusive alterar o clima da região.
(Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABpxsAH/taludes-mecanica-dos-solos)

Talude Natural
(Fonte:http://www.ebanataw.com.br/talude/oquee.htm)

Talude Artificial
(Fonte: http://www.ebanataw.com.br/talude/oquee.htm)


Comentários:
Na construção de ferrovias, muitas vezes há a necessidade de optar por taludes artificiais, pois o solo apresenta grande variedade de formações, o que impossibilita a construção de uma boa infraestrutura que é a parte inferior dos trilhos e que serve de apoio para este. Contudo, essa construção de taludes pode gerar impactos, principalmente se não for planejada adequadamente levando em consideração o ambiente e dejetos criados, pois ao fazer esses cortes no solo, há necessidade de remoção do solo e até a substituição (dependendo da sua composição), remoção de vegetação natural do local, fazer uso de meios para não haver desbarrancamento,deslizamento ou escorregamento, entre outros aspectos relacionados. 
Porém esse é um processo que quando utilizado de maneira correta e adequada facilita muito os processos construtivos tanto de ferrovias como de estradas, tuneis entre outros, algumas medidas como reflorestamento das arvores retiradas do local, tratamento correto do solo, cuidados para não atingir e danificar o lençol freático, podem colaborar para que minimize os impactos ambientais causados por esse tipo de processo.

A seguir apresentaremos algumas imagens de taludes feitos próximos à ferrovia:
Conclusão de empreitada de estabilização de talude
(Fonte:http://www.refer.pt/MenuPrincipal/ComunicacaoSocial/Noticias/Noticia/tabid/447/ItemId/240/View/Details/AMID/948/Default.aspx)

Solo grampeado margeando ferrovia
(Fonte:http://www.solotrat.com.br/obras-executadas/solo-grampeado/talude-margeando-ferrovia-65)


quinta-feira, 21 de junho de 2012


MPE apura contaminação de solo por empresa ferroviária

O MPE (Ministério Público Estadual) apura se as empresas Ferrovia Novoeste e ALL (América Latina Logística) estão contaminando o solo no transporte, reaproveitamento e manuseio de combustíveis. O inquérito civil foi instaurado pela promotora de Justiça Andréia Cristina Peres da Silva, de Campo Grande.
A denúncia foi feita pelo Sindicato de Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Bauru, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os sindicalistas disseram à promotoria que a Ferrovia Novoeste "demonstrava profundo desinteresse com a situação ambiental, desrespeitando normas e procedimentos para evitar acidentes com cargas poluentes".
No início do mês, o MPE determinou que as empresas (ALL e Novoeste) deveriam pagar uma multa de R$ 50 mil ao dia, cada uma, por não cumprirem medidas de recuperação da área onde houve um vazamento de 1.500 litros de óleo, na região do Pantanal, em Corumbá (426 km de Campo Grande).
O acidente ocorreu em 2007. Uma locomotiva contendo óleo altamente poluente tombou. Conforme apurou o MPE, a locomotiva não possuía a licença ambiental necessária para operar em malharodoviária. Água e solo ficaram poluídos e peixes morreram.

Esta imagem pode ser encontrada em: http://www.jcnet.com.br/noticias.php?codigo=226231
Comentário:
Atualmente tem-se varias empresas do ramo ferroviário o que é bom de certa maneira já que a capacidade de transportar produtos e passageiros é sem duvida alguma maior e mais rápida em relação aos veículos de transportes rodoviários, o que gera vários benefícios para a sociedade como economia, proteção do meio ambiente, menor tempo de viagens entre outros. Porém esses benefícios só se justificam quando as empresas desse ramo adotam medidas que seguem as normas e tomam medidas para minimizar os impactos ambientais já que como visto na reportagem uma vez que acontecem acidentes prejudiciais ao meio ambiente na ferrovia esses são também maiores que os rodoviários podendo atingir níveis extraordinários de poluição com um único descuido ou não cumprimento de uma norma que, por exemplo, regulamenta o transporte de um determinado produto nocivo ao solo ou ar.
A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) é uma das empresas do ramo ferroviário que realiza o transporte de passageiros, essa já possui varias medidas  de proteção ao meio ambiente assim como prevenção de maiores danos que possam ser causados devido ao seu funcionamento algumas das medidas adotadas pela empresa podem ser encontradas no site: http://www.cptm.sp.gov.br/e_meioambiente/implantacao.asp
Infelizmente a empresa encontra alguns empecilhos, pois a estrada de ferro ao qual realiza o transporte dos passageiros é usada também por outras empresas que realizam o transporte de cargas e essas utilizam locomotivas que no geral são muito antigas e utilizam nos seus motores alguns lubrificantes a base de petróleo que acabam vazando já que o sistema de vedação é antigo e muitas vezes falho a própria CPTM possui algumas locomotivas também antigas porem tenta corrigir e fazer manutenções periódicas para amenizar a contaminação do solo por esses lubrificantes.
Abaixo segue algumas fotos tiradas pelos integrantes do grupo que mostra a contaminação desses óleos que prejudicam o solo.
Figura 1 - Estação Lapa linha 7 evidente contaminação.
Figura 2 - Estação Tatuapé Linha 12






quarta-feira, 13 de junho de 2012

Toxicologia Diesel


Toxicologia Diesel


“Os seres humanos não podem suportar elementos tóxicos, não adianta disfarçar, pois as consequências são visíveis e podem passar de uma geração para as outras.”


Todos os direitos reservados a Fernando Picarelli Martins

Locomotiva diesel-elétrica nº 3132-4 da MRS Logística S.A., série U20C, fotografada ao sair do depósito de combustíveis da empresa, em Jundiaí. Foi fabricada em 1981, pela General Electric do Brasil, como parte de encomenda feita pela RFFSA Rede Ferroviária Federal S.A. Foto tirada em fevereiro de 2001, por Fernando Picarelli Martins.



O trecho a seguir foi retirado das páginas 4,5 e 6 do documento “Toxicologia das emissões veiculares de diesel: um problema de saúde ocupacional e pública” de João Roberto Penna de Freitas Guimarães.

“Destes estudos é possível compreender porque as emissões de diesel oferecem sérios riscos para a saúde pública. Pela coleta de dados mais recente, já está comprovado que as populações que se encontram na “rota do diesel”, ou seja, aquelas pessoas que moram e/ou trabalham em avenidas ou nas proximidades de autopistas e estradas movimentadas, apresentam problemas respiratórios e índices de câncer de pulmão em maior quantidade do que aquelas que estão longe de tais áreas.
Também já se sabe que há profissões de maior morbidade por exposição às emissões de diesel: motoristas de caminhão, motoristas de empilhadeiras a diesel,  guardas e fiscais de trânsito,  pessoal de manutenção em garagens de ônibus,  caminhões e utilitários, pessoal em manutenção de rodovias, ferrovias (locomotivas a diesel) e túneis, agricultores (tratores e implementos agrícolas a diesel) e  trabalhadores em minas de carvão. No estudo da NIOSH que acima mencionamos, estimava-se no final dos anos 80 que mais de 1.350.000 trabalhadores nos EUA estavam expostos.
Contudo, um dos estudos mais recentes e que causou maior preocupação nos EUA foi o publicado pelo  NRDC – Natural Resources Defense Council (Conselho de Defesa dos Recursos Naturais): No Breathing in the Aisles – Diesel exhausted inside School Buses, que indica que as pesquisas feitas nos ônibus escolares da Califórnia demonstram que o ar dentro da cabine dos ônibus (onde ficam as crianças) contém diversos dos poluentes que acima foram citados, sendo inalado pelas crianças a caminho da escola e no retorno para casa. Deste estudo foram tiradas diversas conclusões:
 - Uma criança dentro do ônibus está respirando 4 vezes mais emissões tóxicas do diesel (emitido pelo próprio ônibus) do que uma pessoa que está num carro trafegando próximo do mesmo ônibus, na rua;
- Os níveis de compostos tóxicos provenientes das emissões de diesel dentro do ônibus são maiores na parte de trás do que na parte da frente;
- Os níveis de compostos tóxicos provenientes das emissões de diesel dentro do ônibus aumentam ainda mais em trechos de subidas (ladeiras, por exemplo);
- Estima-se que a cada 1 milhão de crianças indo e voltando da escola durante o ano escolar, entre 23 e 46 futuramente desenvolverão câncer de pulmão.
De fato, o NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health, a  IARC - International Agency for Research on Cancer, a  USEPA - United States Environmental Protection Agency, e o  NTP - National Toxicology Program concordam que há uma relação direta entre a exposição às emissões do diesel e o câncer de pulmão.
Não é à toa. Dos produtos tóxicos que acima listamos (segundo a EPA), há aqueles que até o Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil reconhece como cancerígenos: textualmente na Norma Regulamentadora 15 (ou NR 15), em seu Anexo 13, a 4-nitrodifenila é citada como substância cancerígena para a qual não é permitida “nenhuma exposição ou contato, por qualquer via”.
Mas não paramos por aí. O benzo (a) pireno (ou simplesmente Benzopireno) é também textualmente citado pelo Anexo 13 da NR 15, mas desta vez não se fala em “substância cancerígena”, apenas que “as  operações” com Benzopireno são “insalubres em grau máximo”, não se prestando qualquer explicação do motivo pelo qual são assim classificadas.
Explicamos: o Benzopireno é há mais de cem anos reconhecido como cancerígeno e mutagênico. Várias publicações assim o confirmam, como se pode ver a seguir.
Em trabalho desenvolvido pela Divisão de Toxicologia e Ecotoxicologia da CETESB de São Paulo/SP, publicado em 1981 pela Revista Brasileira de Saúde Ocupacional n° 36, intitulado “Aspecto Toxicológico dos Hidrocarbonetos Aromáticos Polinucleares (PAH)”, Fernícola e Azevedo indicam, dentre alguns poluentes atmosféricos urbanos, o benzo(a)pireno, o benzo(e)pireno, o benzo(a)antraceno e os fluorantenos como  agentes carcinogênicos identificados no ar urbano, indicando os gases da exaustão de veículos automotores como fontes significativas de tais poluentes. Chegam a destacar que o benzo (a) pireno foi encontrado no solo das proximidades das rodovias em elevadas concentrações (2.000 μg/kg).
Nogueira e Montoro, organizando a obra Meio Ambiente e Câncer, publicada em 1983, confirmam diversos Hidrocarbonetos Aromáticos Polinucleares de ação carcinogênica, aí incluindo o benzopireno. Citam também um risco significativo de se desenvolver tumores a partir do contato com fuligem (material particulado).”
Este trecho pode ser encontrado em:

Comentário:
No Brasil, o transporte ferroviário é feito a partir de locomotivas de motor a diesel, pois por ser um país de grande território, para possuir em toda extensão de sua malha ferroviária sistema elétrico, seria necessário um grande investimento para implantação deste sistema.
Contudo, a queima do diesel, como apresentado no texto, traz consequências ruins à saúde, dando maior ênfase nos danos causados às vias respiratórias, porém estudos apontaram que alguns desses componentes encontrados no diesel apareceram no solo próximo às rodovias em que a quantidade de veículos movidos a diesel é bastante intenso, o que pode ocasionar contaminação de águas que fiquem próximas à região de grande fluxo de veículos com esse tipo de motor, levando até para locais mais distantes.
Se for considerado o dano causado pela ferrovia em relação a esse tipo de contaminação é muito menor do que os danos causados nas rodovias, pois o fluxo de veículos em rodovias torna-se muito maior do que em uma ferrovia, devido à capacidade de carga que cada um suporta e a procura maior por transportadoras que utilizam caminhões. Apesar de utilizar menos motores para carregar uma grande capacidade de carga, deve-se considerar as locomotivas a diesel poluidoras do solo, pois estas liberam esses componentes nocivos nas proximidades do trecho ferroviário por qual passa, portanto, deve-se se pensar em todos os impactos possíveis que podem ser gerados, mesmo que estes sejam pequenos ou pouco visíveis, pois quando somados ao longo dos anos, acabam virando um enorme problema. 


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Trens abandonados e os impactos ambientais


Trens abandonados e os impactos ambientais

Existem muitos trechos da ferrovia, que são utilizados para alocar trens antigos que estão fora de circulação. Na região metropolitana de São Paulo, existem muitos vagões abandonados, sendo a linha 10 – Rio Grande da serra, uma das linhas a concentrar este tipo de ocorrência.

A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) não armazena trens fora de uso, realiza leilões, na qual a estrutura metálica é dimensionada em tamanhos menores, e enviada a empresas siderúrgicas, que utilizaram novamente o metal na fabricação de novos produtos. As carcaças de trens abandonados são de responsabilidade Federal.

Figura 1 - Trem abandonado.



Das 85 carcaças em áreas da CPTM, 44 estão em Presidente Altino, Osasco (Grande São Paulo), 35 na Lapa, zona oeste, e seis na estação Luz, no centro. Segundo a CPTM, os vagões são do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) e ocupam espaço que poderia acomodar novos trens. Em nota, o Dnit afirmou que fez inspeção em Osasco e constatou que nem todos os vagões são seus. "Assim que o levantamento for concluído, o Dnit providenciará a remoção dos vagões de sua responsabilidade". Segundo o órgão, as carcaças serão transportadas em caminhões.

Há algum tempo atrás, as peças contidas em trens antigos, que estavam sob boas condições, eram reutilizadas em novas composições circulantes, esse procedimento é denominado de “Canibalismo” e atualmente está em desuso.
Para o professor da Universidade Federal de São Carlos Archimedes Azevedo Raia Júnior, doutor em engenharia de transportes, o canibalismo --utilização de peças usadas-- nas ferrovias é comum.
"Pode ser utilizado pela necessidade de reposição rápida de uma peça. Mas, em geral, isso aponta falta de planejamento para a reposição das peças", afirma.
Figura 2 - Trem abandonado em Paranapiacaba - SP.



Figura 3  - Trem abandonado em Jundiaí - SP.



Comentário:

A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) surgiu em meados de 1992, com a junção das já extintas empresas FEPASA, responsável pelo transporte de carga, e a CBTU, responsável pelo transporte metropolitano. A união das empresas ocasionou na reestruturação e no advento de novas metodologias de trabalho, obrigando a "nova empresa" a passar por um processo de adequação ao novo sistema de funcionamento. No entanto, muitos documentos foram extraviados, além da incidência de algumas falhas administrativas em determinados setores, originados pela fase de adaptação.
O abandono de trens envolve uma série de processos, que remetem ao surgimento das empresas responsáveis pelo transporte metropolitano e cargueiro. Inicialmente, é preciso determinar qual é a empresa responsável pelo trem em questão, para só depois dar um destino adequado ao mesmo.
E como seria descartar um trem que não pode mais trafegar devido ao desgaste natural? Não podemos simplesmente jogar no “lixo” como faríamos como outro objeto qualquer. Existem infinitos modos de descarte, entre os quais destaca-se, os leilões e restaurações.
O processo de leilão consiste em redimensionar a estrutura metálica em tamanhos que possam ser transportados facilmente, levando em empresas siderúrgicas que utilizaram essa matéria prima para confeccionar novos objetos. Outra solução que está sendo amplamente utilizada e incentivada é a restauração de trens abandonados e respectiva doação para Museus. Em Paranapiacaba, está localizado o Museu da Ferrovia, que apresenta inúmeras locomotivas e trens antigos que passaram por esse processo de restauração. (Para mais informações, acesse: http://www.abpfsp.com.br/).
O solo é constituído por muitos elementos químicos, que são responsáveis por conferir uma série de propriedades importantes para manutenção da vida. Tem como função armazenar nutrientes que serão utilizados no processo de decomposição de resíduos orgânicos e na absorção de elementos essenciais ao desenvolvimento da flora, proteger os lençóis freáticos, e é um habitat para diversos organismos vivos. No entanto, o excesso de determinados elementos químicos pode contribuir na contaminação do solo, ou seja, tornando-o impróprio para diversos processos, como agricultura, reprodução de seres vivos, etc. Os principiais elementos químicos responsáveis pela contaminação do solo é o chumbo, cádmio, níquel, zinco, arsênio, antimônio, ferro e o alumínio. As diversas séries de trem são construídas utilizando essencialmente os metais ferro, aço-carbono, alumínio, e mais atualmente o aço-inox. A longa exposição dos trens ao solo, e o consequente processo de decomposição sofrido pelo mesmo, causam muitos problemas no solo, causando múltiplos efeitos nocivos a saúde humana e ao ambiente.
Infelizmente no Brasil, o desenvolvimento de leis consistentes acarreta a lentidão de diversos processos públicos, impedindo que os programas atuem fortemente, amplamente e rapidamente. Por exemplo, tempos atrás, ocorreu na região sul do país, uma das piores catástrofes naturais, responsável pela destruição de inúmeras de cidades, causando vários prejuízos como destruição de patrimônios públicos, moradias, e desalojando milhares de pessoas. Um fato mostrou-se muito curioso, em uma das cidades, houve a destruição de uma ponte responsável pela transposição de rio, que ligava duas cidades importantes. Dois anos mais tarde, ocorreu no Japão um dos maiores tsunamis da história, destruindo grande parte do país, e curiosamente, houve a destruição de inúmeras pontes. Só que a diferença entre o Japão e o Brasil, é que a reconstrução no Japão levou apenas dois dias, enquanto a no Brasil ainda não foi reconstruída. O que leva a uma demora em realizar uma obra relativamente simples? São os processos de licitação e documentação. O Brasil tem potencial para se tornar uma das maiores potências do mundo, possui recursos naturais variados que se administrados corretamente, podem impulsionar a economia nacional. Mais não adianta apontar falhas do governo, ou de políticos. Cada cidadão é uma parcela da população, se cada um fizer a sua parte, poderá atuar na melhoria das situações que ocorrem ao nosso redor. Pensar conscientemente, e principalmente ecologicamente, pode trazer benefícios importantíssimos para a sociedade. Seja original, pense diferente, faça o certo, porque a partir de pequenas atitudes é possível contribuir com a mudança de muitas situações!


sexta-feira, 1 de junho de 2012

Impactos ambientais da ferrovia Norte-Sul


Impactos ambientais da ferrovia Norte-Sul

Figura 1 - Construção da ferrovia Norte-Sul
Foto Retirada  de PRO-CIDADE – Projetando Qualidade e Sustentabilidade. Universidade Federal  do Tocantins.


O Brasil, com sua considerável dimensão continental, desenvolve diversas pesquisas e projetos que visam à integração de suas regiões em busca de competitividade e crescimento econômico. Um dos notáveis projetos para esta integração é a Ferrovia Norte-Sul, empreendimento que se encontra com apenas alguns trechos concluídos ao longo de sua extensão.
A Ferrovia Norte-Sul foi o primeiro grande empreendimento nacional submetido à Resolução CONAMA 001/86(1) e, portanto, à necessidade de avaliar os impactos ambientais da futura ferrovia e divulgar um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Com os documentos produzidos, a VALEC logrou obter as licenças de instalação.
Antes da implantação desta obra foi necessário fazer um estudo ambiental da região influenciada, este estudo foi realizado  através  de um conjunto de atividades cientificas e técnicas, que incluem o diagnóstico ambiental, a identificação, previsão e avaliação dos impactos significativos, e a definição das medidas mitigadoras e do monitoramento desses impactos.
No projeto da ferrovia Norte Sul foi feito o estudo ambiental da região a ser afetada, fazendo:
·         Levantamento Faunístico, que é a caracterização da fauna ao longo do traçado da ferrovia.
·         Levantamento Florísticos, que é a identificação de todas as formações vegetais situadas na área diretamente afetada.
·         Estudo da caracterização ambiental do meio físico, identificando as principais unidades geomorfológicas presentes na região sob influencia da ferrovia.
·         Estudo dos recursos hídricos, que é a identificação das bacias hidrográficas que sofrem interferência da ferrovia.
Os impactos significativos e passiveis de identificação nas diferentes etapas do empreendimento ocorrem principalmente na faixa de domínio. Numa  construção descuidada poderá gerar grandes volumes de solos e outros materiais desprotegidos que, se carreados para o sistema de drenagem, poderão causar assoreamentos de monta. Prevendo isso, as  Normas Ambientais  estabelece procedimentos específicos para a proteção dos maciços de terra e para a recuperação de áreas degradadas, que deverão ser obedecidos por todos os contratados que se tornarem responsáveis pelos projetos e pelas obras.

Principais impactos causados pela ferrovia
A ferrovia Norte-Sul, nos trechos que cortam o Maranhão e o Estado do Tocantins, os maiores impactos causados que afetam a população são: o desmatamento de áreas que cortam as reservas; a remoção de terra para nivelamento dos trilhos, a devastação de áreas já beneficiadas para agricultura e pecuária; a construção de pontes para atravessia de biomas.
 Porém algumas medidas foram tomadas para diminuir os impactos de execução do projeto, como no caso dos dormentes(2) para apoiar os trilhos, que são confeccionados de concreto pré-moldado. E medidas mitigadoras impostas às empresas de ações previstas para diminuir os efeitos dos impactos negativos.” (FOGLIATTI, 2004) 22.

Figura 2 - Dormente monobloco em concreto protendido.
Foto retirada da apostila da CPTM- SENAI de Via Permanente

 Mesmo em se tratando de projeto de grande vulto, não se tem  noticias  até o momento de   problemas maiores com a execução desta obra, pois a construção envolve quase que exclusivamente produtos inertes (solos, areias, britas e cascalhos)que, se atingirem acidentalmente os cursos d’água, apenas aumentarão sua turbidez,o que é um impacto de pouca duração.

Nota:
1. CONAMA 001/86 – Estabelece as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para o uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.
2. Dormente é um elemento de apoio aos trilhos. Podendo ser de madeira, concreto ou aço, sendo que, o mais utilizado no Brasil é o de madeira.

Comentários:
O impacto ambiental é quando se modifica um parâmetro ambiental por meio de um projeto de engenharia. Ele é gerado pela implantação do projeto ou exploração de recursos naturais ao seu redor. Para estudar o meio ambiente é necessário conhecer a sua definição, que é o conjunto que cerca os seres vivos e os condiciona, formando um sistema cujas relações são parte do processo vital.
No projeto de construção de uma ferrovia, a estrutura do solo sofre grandes modificações, entre as quais podemos destacar:
Ø  Geologia (Litologia predominante, estabilidade de maciços, grau de alteração das rochas, afloramentos);
Ø  Relevo e topografia;
Ø  Características dos solos (Suscetibilidade à erosão, estado de conservação, solos hidromórficos);
Ø  Pluviosidade;
Ø  Cobertura vegetal;
Ø  Etc.
Apesar de a construção da ferrovia apresentar impactos negativos, o projeto desenvolvido dentro das normas (Ambientais e outras) pode representar uma melhoria nos transporte metropolitano e de carga.
Quando se pensa nos transportes de carga, a ferrovia oferece algumas vantagens em relação ao transporte de cargas terrestres por meios rodoviários, pois gasta-se menos tempo (isso devido à disposição em que a ferrovia se encontra) e por capacidade de carga. Porém para implantação da ferrovia há também a necessidade de desmatar e desapropriar o local por onde esta irá passar atrapalhando a fauna e flora que se localiza neste território, devido à isso a preocupação com estudos feitos sobre a área deve ser bastante voltada à natureza do local, assim como feito com o projeto da ferrovia Norte-Sul.
Uma das melhorias que visam diminuir o impacto ambiental usada no projeto de construção da ferrovia Norte-Sul foi a utilização de dormentes de concreto, que apresentam vantagens ao meio ambiente em relação aos dormentes de madeira, pois os feitos com madeira além de serem extraídos de árvores de boa qualidade, necessitam receber um tratamento químico para evitar o seu apodrecimento, este tratamento pode contaminar o solo da região.