quarta-feira, 27 de junho de 2012

Estrutura e processos de descontaminação do solo

Ao longo dessas últimas semanas, foram postadas várias matérias sobre os agentes poluidores do solo relacionados aos diversos processos ferroviários. No entanto, não abordamos com ênfase terminologias e conceitos básicos, como “O que é o solo?”, “Qual sua importância no âmbito ambiental e biológico?”, “Como um determinado elemento químico é capaz de contaminar o solo?”, “E quais são as técnicas utilizadas atualmente para descontaminação do solo?”. A partir desta última publicação, visamos esclarecer todos esses questionamentos que envolvem esse elemento tão essencial para a manutenção da vida.  

“O solo é o principal suporte para a vida e bem-estar, constituindo-se em um recurso natural vital e limitado, embora facilmente destrutível”.
(Gunther, 2004)


ü  Definição de solo


Solo é um corpo de material inconsolidado, que recobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a atmosfera. São constituídos de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar). É produto do intemperismo sobre um material de origem, cuja transformação se desenvolve em um determinado relevo, clima, bioma e ao longo de um tempo.

Figura 1 – Solo natural
Imagem retirada do site: 

ü  Importância do solo

O solo desempenha funções essenciais para a manutenção da vida e para a continuidade do ciclo ambientais. Podemos destacar as seguintes funções:
–Elemento de fixação e nutrição da vida vegetal;
–Substrato essencial para produção de alimentos e matérias-primas;
–Fundação e suporte para edificações, estradas e outras obras de engenharia;
–Recurso mineral, utilizado no setor da construção civil e na manufatura de diversos produtos;
–Receptor de resíduos;

ü Formação dos solos

A formação dos solos é um processo muito lento, tem uma longa duração e segue sempre as mesmas etapas.

Na primeira etapa a “rocha mãe (Rocha primária)” surge na superfície terrestre, por meio de processos físico-químicos.

Na segunda etapa, os fatores externos como o vento, a água, a temperatura, e os seres vivos desgastam a rocha primária, e provocam a sua fragmentação e alteração química.

Na terceira etapa, os seres vivos que colonizam a rocha morrem, os fragmentos da rocha que se originam, acumulam-se formando um solo pouco espesso, denominado de solo primitivo.

Na quarta etapa, surgem pequenas plantas com raiz e pequenos animais, como os insetos. Estes seres vivos, por um lado facilitam a fragmentação da rocha e, por outro, quando morrem, pela acumulação e pela decomposição dos seus restos, tornam o solo mais complexo.

Na quinta etapa, ocorre o surgimento de plantas e animais de maior porte. Os restos deste organismo e os materiais resultantes da sua decomposição vão enriquecendo o solo, que acaba por ficar constituído por diferentes camadas. Este solo é denominado de solo maduro.

ü  Horizontes de um solo


O solo é um corpo natural organizado, cujo estudo é feito através de descrição e análise dos horizontes (camadas) que o constituem.
      
ü  Constituição do solo

Um solo é sempre constituído por matéria mineral (areia, calcário, argila), matéria orgânica (húmus, restos de plantas e animais), ar e água. A proporção de cada um dos componentes pode variar de um solo para outro, por exemplo, o solo de um manguezal possui maior concentração de água se comparado com o solo da mata atlântica. Em um mesmo solo, as proporções de água e ar variam em função de maior ou menor precipitação pluviométrica.


ü  ü Poluição do solo

A poluição do solo e do subsolo consiste na deposição, disposição, descarga, infiltração, acumulação, injeção ou aterramento no solo ou no subsolo de substâncias ou produtos poluentes, em estado sólido, líquido e gasoso.

Fontes de poluição

  • o   Natural

Não associada à atividade humana, pode dar-se por meio de:
– erosão;
– desastres naturais (inundações, terremotos, maremotos, vendavais, etc.);
–atividades vulcânicas;
–áreas com elementos inorgânicos (principalmente metais) ou com irradiação natural;

  • o   Artificial

De origem antrópica (ação humana), pode ocorrer por:
–urbanização e ocupação do solo;
–atividades agropastoris, ligadas à agricultura e pecuária;
–atividades extrativas: mineração;
–armazenamento de produtos e resíduos, principalmente perigosos;
–lançamento de águas residuárias (esgotos sanitários e efluentes industriais);
–disposição de resíduos sólidos de diversas origens, com destaque para os industriais em termos de significância de poluição.


Figura 2 - Tabela que apresenta os principais poluentes do solo, e sua respectiva origem e efeitos para o meio ambiente e seres vivos em geral.


ü Novas tecnologias voltadas para a descontaminação do solo


Atualmente, estão sendo desenvolvidas inovações tecnológicas que visam realizar a descontaminação de solos. Esses processos consistem desde utilização de micro-organismos e plantas específicas, até técnicas que envolvem processos térmicos e físico-químicos. No âmbito científico, um artigo publicado por pesquisadores da UNICAMP, no ano de 2010, na qual é abordada à utilização de plantas nativas como forma de recuperação de solos contaminados principalmente por metais pesados e outro artigo que fala sobre a técnica de biorremediação, publicado na revista “Biotecnologia ciência e desenvolvimento nº34” em janeiro/junho de 2005 foram publicações que ganharam grande relevância na mídia, devido a sua ampla possibilidade de aplicação. A seguir, é apresentado um pequeno resumo que destaca as principais etapas desses processos.

“Biólogos utilizam plantas nativas para recuperação de solo degradado”

“Duas pesquisas de mestrado desenvolvidas no Departamento de Biologia Vegetal do Instituto de Biologia da Unicamp (IB) comprovaram a potencialidade de espécies nativas para fitorremediação de solos de áreas degradadas ou contaminadas com metais. Os estudos estão voltados para a recuperação dessas áreas, utilizando plantas nativas em substituição a atividades demoradas e dispendiosas. Sarah Caroline Ribeiro de Souza analisou a tolerância de três espécies arbóreas – eritrina, guapuruvu e sansão do campo (usada em cercas-vivas) – a altos níveis dos metais pesados chumbo e zinco. Lucas Anjos de Souza optou pela análise da contribuição de fungos micorrízicos arbusculares para o desenvolvimento e a potencialização fitorremediadora de espécies leguminosas herbáceas. Os micorrízicos são fungos que se associam às raízes favorecendo o crescimento. De acordo com Souza, o processo de descontaminação utilizado atualmente, além de dispendioso, é ineficiente, por não garantir a remoção de todo o metal contaminante. As tecnologias ex-situ removem a parte superior do solo, o que prejudica a fertilidade e a estrutura física do local.”


Figura 3 - As plantas arbóreas foram submetidas a doses crescentes de chumbo e zinco: testando a tolerância.

Para mais informações, acessem: 

“Biorremediação – Aspectos biológicos e técnicos da biorremediação de xenobióticos”

“Biorremediação é um processo no qual organismos vivos, normalmente plantas ou micro-organismos, são utilizados tecnologicamente para remover ou reduzir (remediar) poluentes no ambiente. Este processo biotecnológico de remediação tem sido intensamente pesquisado e recomendado pela comunidade  cientifica atual como uma alternativa viável para o tratamento de ambientes contaminados, tais como águas superficiais, subterrâneas e solos, alem de resíduos e efluentes industriais em aterro ou áreas de contenção. Embora outras tecnologias que usam processo físicos e/ou químicos sejam também indicadas para descontaminar ambientes poluídos, o processo biológico de biorremediação é uma alternativa  ecologicamente mais adequada eficaz para o tratamento de ambientes contaminados com moléculas orgânicas de difícil degradação e metais tóxicos.”

Para mais informações, acessem:




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