Estrutura
e processos de descontaminação do solo
Ao
longo dessas últimas semanas, foram postadas várias matérias sobre os agentes
poluidores do solo relacionados aos diversos processos ferroviários. No
entanto, não abordamos com ênfase terminologias e conceitos básicos, como “O
que é o solo?”, “Qual sua importância no âmbito ambiental e biológico?”, “Como
um determinado elemento químico é capaz de contaminar o solo?”, “E quais são as
técnicas utilizadas atualmente para descontaminação do solo?”. A partir desta última publicação, visamos esclarecer todos esses questionamentos que envolvem
esse elemento tão essencial para a manutenção da vida.
“O solo é o principal suporte para a
vida e bem-estar, constituindo-se em um recurso natural vital e limitado,
embora facilmente destrutível”.
(Gunther, 2004)
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Definição
de solo
Solo é um corpo de material inconsolidado,
que recobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a atmosfera. São
constituídos de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução
do solo) e gasosa (ar). É produto do intemperismo sobre um material de origem, cuja
transformação se desenvolve em um determinado relevo, clima, bioma e ao longo de
um tempo.
Figura 1 – Solo natural
Imagem
retirada do site:
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Importância
do solo
O solo desempenha funções essenciais
para a manutenção da vida e para a continuidade do ciclo ambientais. Podemos
destacar as seguintes funções:
–Elemento de fixação e nutrição da vida
vegetal;
–Substrato essencial para produção de
alimentos e matérias-primas;
–Fundação e suporte para edificações,
estradas e outras obras de engenharia;
–Recurso mineral, utilizado no setor da
construção civil e na manufatura de diversos produtos;
–Receptor de resíduos;
ü Formação
dos solos
A formação dos solos é um
processo muito lento, tem uma longa duração e segue sempre as mesmas etapas.
Na primeira etapa a “rocha
mãe (Rocha primária)” surge na superfície terrestre, por meio de processos
físico-químicos.
Na segunda etapa, os
fatores externos como o vento, a água, a temperatura, e os seres vivos
desgastam a rocha primária, e provocam a sua fragmentação e alteração química.
Na terceira etapa, os
seres vivos que colonizam a rocha morrem, os fragmentos da rocha que se originam,
acumulam-se formando um solo pouco espesso, denominado de solo primitivo.
Na quarta etapa, surgem pequenas
plantas com raiz e pequenos animais, como os insetos. Estes seres vivos, por um
lado facilitam a fragmentação da rocha e, por outro, quando morrem, pela
acumulação e pela decomposição dos seus restos, tornam o solo mais complexo.
Na quinta etapa, ocorre o
surgimento de plantas e animais de maior porte. Os restos deste organismo e os
materiais resultantes da sua decomposição vão enriquecendo o solo, que acaba
por ficar constituído por diferentes camadas. Este solo é denominado de solo
maduro.
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Horizontes
de um solo
O solo é um corpo natural
organizado, cujo estudo é feito através de descrição e análise dos horizontes (camadas)
que o constituem.
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Constituição
do solo
Um solo é sempre
constituído por matéria mineral (areia, calcário, argila), matéria orgânica
(húmus, restos de plantas e animais), ar e água. A proporção de cada um dos componentes
pode variar de um solo para outro, por exemplo, o solo de um manguezal possui
maior concentração de água se comparado com o solo da mata atlântica. Em um mesmo
solo, as proporções de água e ar variam em função de maior ou menor precipitação
pluviométrica.
ü ü Poluição
do solo
A poluição do solo e do subsolo
consiste na deposição, disposição, descarga, infiltração, acumulação, injeção ou
aterramento no solo ou no subsolo de substâncias ou produtos poluentes, em estado
sólido, líquido e gasoso.
Fontes de poluição
- o Natural
Não associada à atividade humana,
pode dar-se por meio de:
– erosão;
– desastres naturais (inundações,
terremotos, maremotos, vendavais, etc.);
–atividades vulcânicas;
–áreas com elementos inorgânicos
(principalmente metais) ou com irradiação natural;
- o Artificial
De origem antrópica (ação
humana), pode ocorrer por:
–urbanização e ocupação do
solo;
–atividades agropastoris, ligadas
à agricultura e pecuária;
–atividades extrativas: mineração;
–armazenamento de produtos
e resíduos, principalmente perigosos;
–lançamento de águas residuárias
(esgotos sanitários e efluentes industriais);
–disposição de resíduos sólidos
de diversas origens, com destaque para os industriais em termos de significância
de poluição.
Figura 2 - Tabela que apresenta os principais
poluentes do solo, e sua respectiva origem e efeitos para o meio ambiente e
seres vivos em geral.
Texto e imagens retirados do site: http://www.hidro.ufcg.edu.br/twiki/pub/CienciasAmbienteAndrea/MaterialDaDisciplina/Aula12_Poluio_do_Solo_2011-1.pdf
ü Novas tecnologias voltadas para a
descontaminação do solo
Atualmente,
estão sendo desenvolvidas inovações tecnológicas que visam realizar a
descontaminação de solos. Esses processos consistem desde utilização de
micro-organismos e plantas específicas, até técnicas que envolvem processos
térmicos e físico-químicos. No âmbito científico, um artigo publicado por
pesquisadores da UNICAMP, no ano de 2010, na qual é abordada à utilização de
plantas nativas como forma de recuperação de solos contaminados principalmente
por metais pesados e outro artigo que fala sobre a técnica de biorremediação,
publicado na revista “Biotecnologia ciência e desenvolvimento nº34” em janeiro/junho
de 2005 foram publicações que ganharam grande relevância na mídia, devido a sua
ampla possibilidade de aplicação. A seguir, é apresentado um pequeno resumo que
destaca as principais etapas desses processos.
“Biólogos utilizam
plantas nativas para recuperação de solo degradado”
“Duas
pesquisas de mestrado desenvolvidas no Departamento de Biologia Vegetal do Instituto
de Biologia da Unicamp (IB) comprovaram a potencialidade de espécies nativas
para fitorremediação de solos de áreas degradadas ou contaminadas com metais. Os
estudos estão voltados para a recuperação dessas áreas, utilizando plantas
nativas em substituição a atividades demoradas e dispendiosas. Sarah Caroline
Ribeiro de Souza analisou a tolerância de três espécies arbóreas – eritrina,
guapuruvu e sansão do campo (usada em cercas-vivas) – a altos níveis dos metais
pesados chumbo e zinco. Lucas Anjos de Souza optou pela análise da contribuição
de fungos micorrízicos arbusculares para o desenvolvimento e a potencialização fitorremediadora
de espécies leguminosas herbáceas. Os micorrízicos são fungos que se associam
às raízes favorecendo o crescimento. De acordo com Souza, o processo de
descontaminação utilizado atualmente, além de dispendioso, é ineficiente, por
não garantir a remoção de todo o metal contaminante. As tecnologias ex-situ removem
a parte superior do solo, o que prejudica a fertilidade e a estrutura física do
local.”
Figura 3 - As plantas arbóreas foram submetidas a doses crescentes de chumbo e zinco: testando a tolerância.
Para
mais informações, acessem:
“Biorremediação –
Aspectos biológicos e técnicos da biorremediação de xenobióticos”
“Biorremediação
é um processo no qual organismos vivos, normalmente plantas ou
micro-organismos, são utilizados tecnologicamente para remover ou reduzir
(remediar) poluentes no ambiente. Este processo biotecnológico de remediação
tem sido intensamente pesquisado e recomendado pela comunidade cientifica atual como uma alternativa viável
para o tratamento de ambientes contaminados, tais como águas superficiais, subterrâneas
e solos, alem de resíduos e efluentes industriais em aterro ou áreas de
contenção. Embora outras tecnologias que usam processo físicos e/ou químicos
sejam também indicadas para descontaminar ambientes poluídos, o processo
biológico de biorremediação é uma alternativa
ecologicamente mais adequada eficaz para o tratamento de ambientes
contaminados com moléculas orgânicas de difícil degradação e metais tóxicos.”
Para
mais informações, acessem: